HOMESCHOOLING NA PANDEMIA

Uma das mudanças trazidas pela covid-19  foi a educação domiciliar ou homeschooling que é a substituição da frequência à escola pela educação doméstica, onde a responsabilidade pela educação formal dos filhos é atribuída aos próprios pais ou responsáveis.  Com objetivo de diminuir as consequências da crise na educação muitos países implementaram esse modelo de ensino. O sistema educacional em Portugal, optou por conciliar essa metodologia com as plataformas educacionais criadas para esse momento.  Foi determinado horários específicos para às teleaulas, num determinado canal, com professores especializados para cada ciclo. As escolas escolheram plataformas para apresentarem as vídeo-aulas, havendo a interação entre professores e alunos.

Esse sistema de educação usado vem a cada dia sendo melhor implementado e ajustado, porém mesmo os professores se esforçando, e nós os pais nos empenhando, é demasiado a quantidade de tarefas para nossas crianças e isso requer enorme preparo e estudo.  Eu tenho consciência que são as atividades que elas fariam na escola habitualmente, mas mesmo eu sendo  formada,  pós graduada, conhecendo os conteúdos, percebo que lecionar é um dom que nem todos possuem. Lidar diariamente com todas as tarefas diárias como mãe, esposa, dona de casa, professora substituta, e continuar trabalhando e auxiliar o parceiro a permanecer trabalhando por 8h horas diárias sem ser aborrecido, é uma tarefa árdua de verdade. Tarefas essas que nos sobrecarregam e muitas vezes, nos deixam com a paciência por um fio, tendo atitudes que nunca teríamos, causando brigas desnecessárias, simplesmente por a carga estar sendo pesada.  Se para quem tem um filho já deve ser puxado, imagina para quem tem dois filhos ou mais?  E não podemos deixar de considerar as distintas realidades enfrentadas pelas famílias frente à desigualdade de condições econômicas, sociais e culturais.

Diante de tudo isso, acredito que nossas crianças não terão abstraído os conteúdos da melhor forma, levando uma carência de matérias necessárias para o ano letivo seguinte. Ficarão as cicatrizes desses dias loucos, presas em casa, sem brincar ao ar livre e sem amizades. Isso é triste, mas não se culpem pais, tudo vai passar, e se eu puder dar um conselho, converse com os professores dos seus filhos, sejam sinceros quanto à quantidade de atividades, anotem as dificuldades que seus filhos estão tendo com os conteúdos, e repasse aos professores. Não deixa esse peso só para os pequenos, eles sequer conseguem mensurar a realidade em que estamos vivendo. Conversem com eles, fale sobre todos os assuntos possíveis, invente brincadeiras ou histórias, interajam, olhem olho no olho, não aceitem ser consumidos pelas preocupações dessa crise.  Sabemos que a convivência com pessoas variadas, com opiniões, raças e religiões diferentes das pessoas da que compõem a família, é o que ajuda as crianças a construir sua personalidade. Então pare e pense que vocês estão tendo uma oportunidade única, poder parar para dar aquele colinho, fazer aquela comida sem ser na correria, colocar seus filhos para aprender fazendo junto com vocês, brincadeiras e histórias, filmes e cochilos juntos. Poder compartilhar a mesa com a família presente, serão memórias fantásticas para nossos pequenos.

Tem sido exaustivo? Tem, é verdade, mas não é impossível! Não se cobrem tanto, façam o que conseguir fazer, não briguem com seus filhos por conta de matérias que eles não entendam, talvez eles também não estão num bom dia, ou eles são muito melhores numa matéria do que em outra. E isso não é ruim!  Crescemos sendo massacrados por um sistema que nos forçava a tirar notas médias. Quando tirávamos nota 9 em matemática e 5 em português, não ganhávamos parabéns pela nota alta, mas éramos repreendidos pela nota baixa. Então éramos obrigados a nos dedicar mais para a matéria que não nos saímos bem, e o resultado é que acabávamos por melhorar uma e ficávamos na média naquela que éramos melhores. Tirando média 7 em Português e 7 em matemática. Isso foi apenas um exemplo, poderia ser qualquer matéria. O que quero deixar claro é que o sistema nos força a sermos medianos quando não nos encorajam e nem nos parabenizam por termos aptidão e talento para aquela matéria específica. Podendo focar nela e assim desenvolver  nossa intelectualidade.

Portanto esse é o momento de fato para conhecer vossos filhos, educar é muito complexo, então simplesmente viva, não existe regras nem manuais para isso. Olhem para seus filhos e lembre-se que eles não são só o hemisfério direito ou esquerdo do cérebro. A criança não é só cognitivo, ela também é artístico e principalmente emocional. Então calibrem as expectativas e não passem do ponto nas cobranças. Aproveitem o isolamento para criar ou aumentar vossas conexões.

E hoje, 15 de maio, Dia Internacional da Família, é dia de agradecer pela família que temos, não que nos outros dias não possamos, mas hoje é especial.  Nesta data, devemos procurar entender o bem que a família faz para o mundo, e principalmente o papel dela na criação e na formação de nossas crianças.

“Minha intenção aqui é compartilhar minhas experiências, meus desafios e aprendizados. Espero que gostem e continuem EM MOVIMENTO!”